
Partilhar ou não partilhar a cama? Esta é uma pergunta comum para novos pais quando tentam equilibrar os possíveis riscos e as vantagens da partilha de cama. Por um lado, dormir em conjunto acalma o bebé e facilita a amamentação. Também conhecido como dormir em conjunto, a partilha de cama é mais comum em algumas culturas do que noutras. De acordo com a investigação feita online entre 29 287 pais de todo o mundo, os pais asiáticos partilharam a cama com o bebé mais frequentemente (38%) do que os pais caucasianos (11%). Em sociedades caucasianas, a partilha de cama é mesmo desencorajada, pois os pais são instruídos a deixar os bebés dormirem em camas ou quartos separados.
Mas e o risco de síndrome de morte súbita do lactente (SMSL), de sufocamento acidental ou de outros cenários terríveis? Recentemente, investigadores na Nova Zelândia analisaram a literatura e reviram 59 estudos de 15 países em 5 continentes, para saber mais.
Muitas vezes, a decisão de trazer o bebé para a cama dos pais é em resposta a choro ou desassossego. Durante essas situações de tensão, poderão não ser tomados os cuidados para garantir a segurança do bebé.
Demasiada roupa de cama (e demasiado macia) e cobrir acidentalmente a cabeça do bebé com a mesma pode ser arriscado, especialmente se os pais não conseguirem dar resposta e destapar a cabeça. Isto enfatiza a importância de não partilhar cama com o bebé quando os pais estão incapacitados de alguma forma, como estarem doentes, demasiado cansados ou sob o efeito de drogas ou álcool.
Adormecer com o bebé no sofá é outra coisa a evitar, pois esta é considerada uma superfície para dormir insegura. Os estudos também mostram que o tabagismo parental e pais maiores e mais pesados também podem constituir um risco na partilha de cama.
Quando feita corretamente, tendo em conta os fatores de risco, a partilha de cama pode ser uma rotina diária positiva. O principal benefício relatado é a amamentação. Enquanto dormiam, os bebés e as mães tinham tendência a estar virados de frente um para o outro, a menos de 30 cm de distância. As evidências mostram que, com a mãe ao seu alcance, os bebés que partilham a cama desfrutam de sessões de amamentação mais frequentes e mais longas durante a noite, com mães que fazem mais tentativas de amamentar.
Os bebés que dormem em conjunto também são amamentados até uma idade mais avançada do que aqueles que dormem sozinhos. Um estudo do Reino Unido descobriu que 46% dos bebés que partilhavam cama ainda eram amamentados aos 3-4 meses, o que é o dobro em comparação com os bebés separados dos pais.
O\Num ambiente hospitalar, os recém-nascidos mostraram mais esforço para amamentar quando lhes foi permitido dormir em conjunto, ou foram colocados num berço lateral (um berço com um lado aberto, com o colchão do berço a tocar na cama do adulto).
A partilha de cama parece ser um conceito natural para muitas mães, que começam a fazê-lo sozinhas, sem qualquer campanha educativa. Mesmo que algumas mães partilhem cama sem amamentar, como na Tailândia, a prática está suficientemente integrada nos lares para inspirar um investigador a denominá-la por "dormir com o peito".
No entanto, com a facilidade de amamentação surge uma desvantagem: a perturbação do sono. Embora seja normal que pais e recém-nascidos acordem frequentemente para alimentação noturna, especialmente bebés amamentados, durante a partilha de cama, estes bebés acordam com mais frequência, embora por períodos de tempo mais curtos do que os bebés que dormem em camas separadas.
A partilha de cama parece sincronizar os padrões de sono da mãe e do bebé, e acordar mais frequentemente pode ajudar a proteger os bebés da SMSL. No entanto, quando os pais não dormem bem, ficam menos envolvidos com o bebé na hora de dormir, o que perturba o sono do bebé. É possível que a partilha de cama ajude os bebés a sentirem-se mais seguros e protegidos, para que durmam melhor. No entanto, isto é difícil de concluir sem investigação adicional.
Os investigadores afirmam a necessidade de diretrizes mais amplas em relação à partilha de cama, especialmente para bebés com maior risco de SMSL. Um problema pode ser dormir de lado, o que é mais comum quando os bebés partilham camas e pode aumentar o risco de o bebé rolar e dormir de barriga para baixo. A proximidade com a pessoa que amamenta também pode causar um microclima, com níveis de CO2 aumentados.
Outra pergunta à qual a investigação poderia responder é o motivo pelo qual os níveis de SMSL são baixos em algumas culturas, nas quais a partilha de cama é comum. Esperemos que a investigação futura ajude os profissionais de saúde a compreenderem melhor esta temática e as formas como podem ajudar os novos pais a fazer as escolhas certas, e seguras, para a sua família.