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abr 29, 2021

Como podemos conduzir a economia circular à escala?

By Robert Metzke
Philips Global Head of Sustainability

Tempo de leitura estimado: 7-9 minutos

O Dia da Sobrecarga da Terra marca a data em que a humanidade usou todos os recursos naturais que o planeta pode renovar durante o ano inteiro. Ao longo dos últimos 50 anos, esta data tem sido cada vez mais cedo – desde Dezembro da década de 70 até ao final de julho dos últimos anos.

global footprint networks earth overshoot day

Em países como os Países Baixos e a Alemanha, a data é ainda mais cedo, atualmente no início de Maio! Estamos a esgotar os recursos do nosso planeta e a acumular uma dívida que pode tornar-se impossível para as nossas crianças e para as gerações seguintes suportarem ou até mesmo pagarem.

 

Para quebrar esse padrão destrutivo, precisamos de encontrar e dimensionar maneiras responsáveis de usar a energia e os materiais. A implementação de modelos económicos circulares em escala é uma parte essencial disto. Especialmente se queremos atingir objetivos ambiciosos, como o plano da União Europeia de ter uma economia 100% circular até 2050.

 

Dá-me esperança assistir à crescente consciência e compreensão desta necessidade urgente. E ver que algo está a ser feito, na indústria, mas também na sociedade em geral – por consumidores, governos e investidores. Na Philips vemos isto em primeira mão: os nossos clientes consideram cada vez mais a sustentabilidade como um critério fundamental na escolha de um fornecedor.

 

O caminho que temos de seguir é claro. Não será um caminho fácil de percorrer, mas estou confiante de que podemos chegar lá pois temos as ferramentas e a experiência para o fazer. Mas também precisamos da determinação de nos juntarmos para atingirmos uma economia circular em escala muito mais rapidamente. Isto significa dar agora um grande passo em frente, em quatro áreas-chave:
 

  1. Repensar a forma como as empresas criam valor para todas as partes interessadas (orientadas para o objetivo)
  2. Criar as condições necessárias para permitir modelos circulares em escala
  3. Alinhar as estratégias de negócio e os modelos organizacionais com o nosso objetivo de negócio
  4. Ligarmo-nos para criar parcerias que nos permitam aprender e escalar

Permitam-me que descreva como vejo isto acontecer, discutir algumas das implicações que isto terá e convidá-los a unir forças connosco.

1. Repensar a criação de valor para enfrentar os desafios globais

Há cada vez mais provas de que as empresas orientadas por um propósito se responsabilizam perante os que nela são intervenientes e que o aumento da transparência não só será mais viável e valorizado, como também mais valioso, no futuro.

 

As empresas como a Philips, com o seu poder de inovação e capacidade de escalar soluções, têm um papel vital a desempenhar na colaboração com os parceiros em toda a cadeia de distribuição e com as organizações privadas e públicas na sociedade, para ajudar a alcançar os objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU nesta Década de Ação.

Circular: uma parte integrante da solução


Na discussão sobre a melhor forma de abordar as alterações climáticas, a economia circular é uma parte frequentemente negligenciada – mas fundamental – do debate.

 

Numa economia circular, o valor é gerado com recursos mínimos, os produtos e os materiais são mantidos com o valor máximo ao longo do ciclo de vida do produto, os resíduos são eliminados e os sistemas naturais são regenerados.

circular image

Tal como referido no recente Relatório Global de Lacunas de Circularidade 2021 da Circle Economy, duplicar a atual taxa de circularidade global de 8,6% reduziria as emissões em 39% e reduziria a utilização de recursos virgens em 28%. Também podemos eliminar 45% das emissões globais de gases com efeito de estufa, alterando a forma como fazemos e utilizamos os produtos. E ao ajudar a evitar desperdícios, estimular o crescimento empresarial e criar emprego, a transição para uma economia circular representa uma oportunidade económica de 4,5 mil milhões de dólares americanos. Razões de sobra, portanto, para tudo funcionar em circular.

A economia circular que apoia a saúde sustentável


Na saúde, o peso combinado da expansão, do envelhecimento das populações e do aumento das doenças crónicas, criou uma necessidade urgente de modelos sustentáveis para a prestação de cuidados. Enquanto empresa de tecnologia para a saúde, a Philips está empenhada em tornar o mundo mais saudável e mais sustentável através da inovação, agindo de forma responsável em relação ao planeta e à sociedade. E a transição para uma economia circular é fundamental para esse esforço.

 

Utilizamos uma abordagem completa da circularidade, reduzindo, reutilizando e reciclando sempre que possível. O nosso objetivo é minimizar a utilização de novos materiais e recursos, maximizando simultaneamente o valor vitalício dos nossos produtos e soluções através de modelos de assistência inovadores, soluções digitais inteligentes e retoma, renovação e recuperação de peças de produtos.

 

Podemos agora oferecer uma retoma em todos os negócios de grandes equipamentos médicos que ganhámos em todo o mundo e para os quais temos a capacidade de assegurar uma remodelação responsável, tal como a reabilitação ou a reciclagem. Estamos também a reduzir a utilização de materiais virgens através do aumento da utilização de materiais reciclados. Podemos desta forma melhorar a vida de mais pessoas sem esgotar desnecessariamente mais os recursos naturais.

Design preparado para a economia circular


Através do nosso programa de longa data EcoDesign , continuamos a otimizar o design dos nossos produtos e soluções para aumentar a eficiência energética, reduzir as emissões e reduzir as embalagens. Ao mesmo tempo, estamos a intensificar os nossos esforços num design circular. Isto significa que, desde o início do processo de criação do produto, o design é concebido para ter menos peso e incluir conteúdo reciclado, bem como para ter uma fácil manutenção, capacidade de atualização, modularidade, reciclagem, recuperação de peças e/ou recondicionamento. E, por isso, o horizonte da mentalidade passa de “hoje" para “amanhã e mais além".

Inovação no modelo de negócio


Os modelos circulares orientados para os serviços são fundamentais para a redução das emissões de resíduos e de carbono. Na nossa área, podem ajudar a tornar os cuidados de saúde mais eficazes e eficientes, para além de mais sustentáveis. É por isso que, na Philips, começámos a redesenhar a fundo os nossos modelos de negócio.

Com novos modelos de negócio periódicos, baseados na utilização e no resultado, estamos a transitar da venda do produto físico ou sistema para a oferta da sua utilização como um serviço. Modelos como este têm o benefício adicional de apoiar a reutilização e reciclagem múltiplas, contribuindo assim para a utilização sustentável dos recursos.

Todos ficam a ganhar


Deixem-me dar um exemplo que ilustra como tudo isto se combina.

Um dos nossos clientes, um dos principais fornecedores de cuidados de saúde, está empenhado em tornar-se neutro em termos de carbono. Ele comprou-nos um equipamento de ressonância magnética. O produto foi recondicionado: é um sistema usado que foi cuidadosamente atualizado e testado em termos de qualidade. Este equipamento foi alugado ao prestador de cuidados de saúde, que pode aceder à funcionalidade da solução que pode potencialmente salvar vidas, sem precisar de fazer o gasto de capital necessário para comprar o produto.

circular economy

Através do nosso software e tecnologias digitais, podemos otimizar continuamente a utilização do scanner através de assistência remota, aumentando assim a sua vida útil. Depois, quando o sistema deixar de ser necessário, nós retomamo-lo. Nessa altura, iremos recondicioná-lo novamente ou recuperar peças específicas para outros equipamentos. Todos ficam a ganhar.

Para além do hardware – o digital leva à eficiência de recursos


Embora "circular" esteja compreensivelmente associado ao encerramento do ciclo do hardware, tal como no exemplo anterior, a história não acaba aqui. Estamos a assistir cada vez mais à conectividade digital e a infraestrutura a impulsionarem a “desmaterialização” e uma utilização mais eficiente dos recursos, quer humanos quer materiais. Nos cuidados de saúde, por exemplo, apoiar a telessaúde e a transição dos cuidados de saúde de ambientes clínicos repletos de recursos para ambientes de custos mais baixos em rede e para a casa.

 

Interações remotas ativadas digitalmente como estas poderiam reduzir potencialmente a necessidade de estruturas de saúde físicas, reduzindo assim o consumo de materiais e energia, bem como as deslocações. A computação em nuvem é outro desenvolvimento positivo, já que os centros de dados centralizados podem usar o hardware com mais eficiência, o que significa menos utilização da capacidade e energia da CPU. Além disso, o aumento da eficiência do software prolonga a utilização do hardware durante toda a vida útil do mesmo.

 

As investigações indicam que a poupança de recursos desbloqueados pela tecnologia digital de informação e comunicação, supera o aumento da pegada causada pela implantação dessa tecnologia. Dito isto, a recente controvérsia em torno de criptomoedas mostra que ainda há um caminho a percorrer antes de termos otimizado a eficiência de recursos em aplicações com grande utilização informática.

 

2. É necessário um ambiente estimulante e propício


Para apoiar as empresas e as organizações que implementem modelos de negócio circulares, precisamos urgentemente de criar as condições necessárias. Por exemplo, tanto os consumidores como os clientes empresariais precisam de ser incentivados, e apoiados, na devolução de produtos através de esquemas de depósito e recompra, e de redes de recolha e de processamento adequadas.

Todos os intervenientes têm um papel a desempenhar para ajudar a criar este ambiente propício:

 

  • Os governos, através da criação de incentivos legislativos ou fiscais que encorajem práticas circulares, tais como a utilização de produtos e materiais reutilizados, recondicionados ou reciclados
  • Os reguladores, através da eliminação de bloqueios na circulação, como por exemplo, nos movimentos transfronteiriços de peças usadas para processamento ou reutilização
  • A indústria e empresas, dando o exemplo e tomando medidas concretas para inovar em escala
  • As ONG, com a promoção e o acompanhamento do progresso e contribuindo para o diálogo social.

3. Desbloquear “o poder interior”
 

A mudança numa escala global começa em casa, em nós próprios. Na Philips, sabemos que para atingir as nossas ambições circulares precisamos de escalar, garantindo que os conhecimentos obtidos nas fases piloto são incluídos nos nossos processos de inovação e estratégia. Reconhecemos também que o pensamento circular tem de ser totalmente integrado na cultura da nossa empresa.

Feel Better

Para isso, partilhamos com todos os membros da organização uma história clara e consistente sobre o que a economia circular significa para a Philips. E adaptamo-la às diferentes funções – designers, profissionais de marketing, líderes empresariais, etc.. Quando relevante, implementamos formação dedicada e ajudamos a incluir a economia circular em roteiros estratégicos e nos processos e procedimentos da Philips.

 

Também envolvemos os nossos colaboradores na procura de novas formas de inovar e de fazer escolhas sustentáveis no trabalho e em casa, de forma a reduzir ainda mais a nossa pegada ecológica. Fazemos isso criando e apoiando Comunidades de Práticas (CoP) multidisciplinares, onde os nossos colegas se podem unir em torno de metas e desafios comuns. Em 2020, por exemplo, realizámos o nosso primeiro Desafio de Inovação Energética, que gerou 100 propostas concretas de soluções inovadoras e escaláveis para melhorar a eficiência energética das nossas instalações, reduzindo assim a nossa pegada de carbono.

 

Outro exemplo, ligado às nossas CoP, para ajudar o desenvolvimento dos movimentos ascendentes, é o apoio ativo à nossa rede #bethechange – um grupo de colaboradores da Philips que estão pessoalmente empenhados na promoção, entre outras coisas, do impacto sustentável.

 

Iniciativas como estas podem ajudar a tornar concreta uma noção abstrata, criando assim um movimento de embaixadores circulares e agentes de mudança – desencadeando o poder inovador que reside, a meu ver, no centro de cada organização.

 

4. A colaboração e a parceria são essenciais
 

Olhando para além da nossa própria organização, a mudança sistémica necessária para escalar a inovação circular a nível global só pode ser realizada através da união de forças de parceiros com a mesma mentalidade, tanto do sector público como do sector privado.

 

Na indústria e na sociedade, é necessário criar novos ‘ ecossistemas de colaboração – entre empresas, governos, instituições financeiras, organizações da sociedade civil, e outros – se pretendermos gerar a massa crítica necessária para dar o salto para um futuro circular.

logo PACE

Foi por essa razão, entre outras, que foi lançada a Coligação de Equipamento Capital, como parte do PACE – a Plataforma para Acelerar a Economia Circular. Congratulo-me sinceramente com a recente publicação da PACE sobre a Agenda de Ação de Economia Circular para Equipamento Capital – um conjunto alinhado de ações para impulsionar a escala em 2021 e eliminar as barreiras críticas à aceleração da economia circular.

Junte-se a nós na jornada


A circularidade não é um fim em si. Para a Philips, é uma ferramenta para ajudar a criar sistemas de cuidados de saúde resilientes e sustentáveis, impulsionar o crescimento dos negócios e ajudar a cumprir os objetivos globais de combate às alterações climáticas através da utilização responsável de energia e materiais.

 

Acreditando que as ações falam mais alto do que as palavras, estabelecemos uma série de objetivos desafiantes. Até 2025, pretendemos: 

 

  • gerar 25% das nossas receitas com produtos, serviços e soluções circulares
 
  • oferecer a retoma de todos os equipamentos médicos profissionais, e assegurar um recondicionamento responsável*
 
  • incorporar práticas circulares nas nossas instalações** e não enviar resíduos para aterros
 
  • desenhar 100% dos nossos produtos e serviços de acordo com os requisitos de conceção ecológica (EcoDesign)
 
  • continuar a operar globalmente de forma neutra em termos de carbono e reduzir ainda mais as emissões em toda a nossa cadeia de valor, em conformidade com os Objetivos de Base Científica (1.5 ° C).

Apenas conseguiremos atingir estes objetivos trabalhando em conjunto com terceiros no nosso ecossistema – prestadores de cuidados de saúde, profissionais, parceiros de conhecimento, e fornecedores. Acreditamos que é vital partilhar histórias de sucesso e aprendizagens para mostrar que isto pode ser feito – por isso, terei todo o prazer em saber como vê o caminho para uma economia circular, onde vê oportunidades, e ficar a conhecer quais as suas perspetivas.

 

* recondicionado na Philips ou reciclado localmente de acordo com as políticas da Philips
**, incluindo instalações que não sejam de fabrico, tais como grandes escritórios, armazéns e instalações de I&D.

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Robert Metzke

Robert Metzke

Philips Global Head of Sustainability

Mr. Metzke leads Philips’ activities in Sustainability where he drives the company’s  strategy towards innovative, sustainable business models and embedding sustainable and circular ways of working across Philips.

 

In particular, Robert and his team are leading all activities with regards to Philips' environmental responsibility, with a focus on climate action, circular economy and expanding access to healthcare in underserved communities, as part of Philips overall purpose to improve people's health and well-being. Before joining Philips, Mr. Metzke worked at McKinsey & Company as a consultant where he gained 5 years of experience in strategy and innovation in the high-tech, healthcare and public sectors. Mr. Metzke has a background in journalism, science publishing (Science/ AAAS) and academic research (physics). He is married, has three children and lives in the Netherlands.

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