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Three reasons why sustainable hospitals deliver better care

jun 10, 2021

Três razões pelas quais os hospitais sustentáveis oferecem melhores cuidados

Jan Kimpen
Chief Medical officer

Robert Metzke
Global Head Sustainability

Tempo de leitura estimado: 5-7 minutos

Quando eu – Jan Kimpen – era CEO de um grande hospital na Holanda, há pouco mais de cinco anos, sentia que tinha a responsabilidade de prestar os melhores cuidados de saúde aos nossos pacientes e, ao mesmo tempo, de implementar práticas sustentáveis. No entanto, nunca fazia a ponte entre estas duas vertentes.
 

Éramos pioneiros em matéria de sustentabilidade na Holanda; tínhamos um dos servidores mais verdes da Europa e painéis solares nos nossos telhados. Fazíamos tudo isto para reduzirmos o desperdício, pouparmos dinheiro e sermos uma empresa responsável, de modo que as pessoas se sentissem atraídas a trabalhar connosco. No entanto, como provavelmente tem acontecido com muitos profissionais de saúde, nunca julguei que a sustentabilidade fosse algo que melhorasse a vida aos pacientes que acorriam ao nosso hospital, nem aos médicos que lhes prestavam cuidados.
 

Quando ingressei na Philips, passei a aperceber-me da existência de uma ligação intrínseca entre estas vertentes. Na nossa empresa, encaramos a sustentabilidade na ótica de três dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas: consumo e produção responsáveis (ODS 12), ação climática (ODS 13) e saúde e bem-estar (ODS 3 da ONU), que respondem ao desafio de oferecer cuidados de alta qualidade a um público mais vasto. De acordo com a Philips, os três tópicos estão interrelacionados
 

Apesar disso, tenho conhecimento de profissionais médicos que têm dificuldade em entender esta correlação. Pretendem saber por que razão um paciente escolheria um hospital com credenciais de sustentabilidade em detrimento de outro que não as apresenta, e por que motivo um médico preferiria trabalhar numa dessas unidades de saúde. Para o efeito, encetei recentemente, com o meu colega Robert Metzke, Responsável Global de Sustentabilidade da Philips, uma investigação sobre os motivos pelos quais os hospitais sustentáveis oferecem melhores cuidados de saúde. Apurámos as seguintes três razões:

[Quando vemos] a quantidade de lixo que um hospital produz diariamente, quase nos dá vontade de chorar.

CEO of a hospital in Germany [1]

1.    Cuidar do planeta = cuidar dos nossos pacientes
 

Comecemos pela perspetiva global. É cada vez maior a sensibilização, por parte de uma franja significativa da população, sobre a correlação existente entre os resíduos que vemos à nossa frente e o efeito que estes exercem sobre o nosso planeta. Na mais recente edição do Relatório de Riscos Globais, o Fórum Económico Mundial salienta que os cinco maiores riscos globais para a humanidade, em termos de probabilidade, estão todos eles relacionados com o meio ambiente.
 

Mesmo antes da pandemia, a prestação de cuidados de saúde criava uma quantidade impressionante de resíduos: um total de 13 kg por cama e por dia, de acordo com um estudo [2], o que equivale aproximadamente ao peso de um pneu de um automóvel. E, desde o início da pandemia, os médicos, os pacientes e o público em geral têm vindo a assistir a um aumento brutal do número de equipamentos de proteção individual descartáveis [3]. Um pouco por todo o mundo, as máscaras descartadas vão-se espalhando pelas ruas das cidades.
 

Raramente os resíduos estiveram ligados à nossa saúde de forma tão tangível, o que, na minha opinião (partilhada por Robert), poderá ter incentivado os profissionais de saúde a refletirem sobre a forma de lidar com uma crise global tão urgente. Na verdade, este tema surgiu quando entrevistámos profissionais de saúde com vista à elaboração do relatório do Índice de Saúde Futura 2021 [4]. No inquérito, as práticas sustentáveis referiam-se a "fontes de abastecimento, reciclagem, etc., que respeitem o ambiente", o que corresponde aos ODS 12 e 13.
 

Ficámos surpreendidos e satisfeitos ao verificar que, nos próximos três anos, se prevê um enorme aumento da importância dos cuidados de saúde ambientalmente sustentáveis, a qual deverá ser, no final desse período, 15 vezes superior à que existe atualmente. Os profissionais de saúde relataram-nos que, no espaço de três anos, a implementação de práticas de sustentabilidade nos seus hospitais ou unidades de saúde vai subir de 4% para 58% na sua lista de prioridades, com destaque para a França (86%) e para a Holanda (81%) neste percurso.
 

Uma forma de os hospitais, no seu planeamento, procurarem implementar práticas sustentáveis é através da sua escolha de parceiros. Consideram nomeadamente três ações de sustentabilidade como fatores de clara diferenciação: design duradouro de produtos (58%), modelos de negócios de economia circular (43%) e operações sustentáveis de saúde e segurança (40%) a nível empresarial.

Cuidar das pessoas e cuidar do planeta são duas faces da mesma moeda. É necessário que a sustentabilidade passe a fazer parte integrante do modus operandi dos prestadores de cuidados de saúde".

Robert Metzke

Global Head of Sustainability, Philips

Three reasons why sustainable hospitals deliver better care

2. A transformação digital possibilita modelos sustentáveis de prestação de cuidados de saúde

 

As iniciativas de sustentabilidade andam frequentemente de braço dado com progressos tecnológicos, graças aos quais se torna possível substituir artigos descartáveis por outros reutilizáveis, o que proporciona benefícios ambientais e economia de custos. Estimulados pela pandemia, os profissionais de saúde também intensificaram a adoção de tecnologias digitais [5]. Com efeito, a digitalização está a contribuir decisivamente para uma utilização mais eficiente dos recursos e a permitir uma transição mais rápida para modelos sustentáveis de cuidados de saúde, incluindo um acesso mais alargado aos mesmos (SDG 3).
 

As capacidades da telessaúde ajudam a melhorar as credenciais verdes dos hospitais, reduzindo as distâncias percorridas pelos pacientes e, simultaneamente, levando os cuidados até junto de quem tem mais dificuldade em aceder aos mesmos [6]. O relatório do Índice de Saúde Futura 2021 concluiu que a implementação de práticas sustentáveis foi muito mais acentuada entre os profissionais de saúde que trabalham em hospitais ou estabelecimentos de saúde inteligentes, ou seja, tecnologicamente avançados (71% em comparação com 58% no caso dos digitais e analógicos) e nos mercados desenvolvidos (65% em comparação com 52% nos mercados emergentes).

Investir na tecnologia significa investir na sustentabilidade. A meu ver, não existe qualquer dicotomia entre estas vertentes.

Department Head of a Pulmonology Hospital, the Netherlands [1]

3.     Melhores formas de prestação de cuidados de saúde reduzem a pegada ambiental

 

Até agora, temos explorado a forma como a redução da pegada de carbono dos cuidados de saúde exige uma intervenção direta para reduzir os resíduos, aumentar a eficiência energética, adotar práticas circulares, etc., bem como alargar o acesso. Este objetivo. porém, requer igualmente uma reforma radical da forma de prestação de cuidados de saúde.

É do conhecimento geral que a saúde é um dos setores de atividade mais poluentes do mundo; o total de emissões dos hospitais, dos serviços de saúde e da respetiva cadeia de abastecimentos em todos os países da OCDE, mais as da China e da Índia, representa cerca de 4% das emissões globais de CO₂, um valor superior ao dos setores da aviação ou da navegação [7]. Sabemos igualmente que a pandemia provocou inúmeros atrasos na marcação de consultas [8].
 

Tudo isto nos levou a lançar um projeto na Philips, para analisar a correlação entre a redução da duração de permanência de um paciente e a redução da pegada de carbono de cada paciente. Ao longo do tempo, esperamos conseguir reunir mais dados sobre a forma como uma melhor prestação de cuidados contribui para reduzir o impacto ambiental de um hospital. Estamos a analisar o impacto ao longo de todo o percurso de prestação de cuidados, desde a melhoria dos cuidados prestados em internamento até à antecipação das altas e à prevenção de reospitalização por meio da prestação virtual de cuidados. O nosso objetivo é entender exatamente onde é que se situa o impacto ambiental no caso do prestador de cuidados e, em seguida, fazer a ponte entre as várias capacidades, para ajudar os prestadores de cuidados a combatê-lo quanto antes.

Se eu voltasse a dirigir um hospital, procuraria formas de estabelecer uma ponte entre as nossas práticas sustentáveis e os métodos sustentáveis de prestação de cuidados.

Jan Kimpen

Chief Medical Officer, Philips

Uma atuação imediata contribuirá para maximizar os benefícios

 

Como Robert afirmou anteriormente, se este último ano nos ensinou alguma coisa, foi a importância da interligação entre os desafios a nível social, económico e ambiental que estamos a enfrentar. Ambos acreditamos piamente que os desafios enfrentados pelo setor da saúde estão indissociavelmente interligados, e que contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável, além de ser benéfico para as empresas, é a única forma de fazer negócios. Neste sentido, exortamos os profissionais de saúde a encarar a sustentabilidade em várias vertentes: operações, aprovisionamento, compras, manutenção e novos modelos de prestação de cuidados.
 

Apelamos também a maior celeridade. O relatório do Índice de Saúde Futura 2021 mostra que os profissionais de saúde estão a tentar estabelecer prioridades para a sustentabilidade em unidades de saúde no prazo de três anos. No entanto, deixo aqui um apelo aos profissionais de saúde para começarem mais cedo. Se eu voltasse a dirigir um hospital, procuraria imediatamente formas de estabelecer uma ponte entre as nossas práticas sustentáveis e os métodos sustentáveis de prestação de cuidados. Na verdade, estou em crer que ambas as vertentes são absolutamente essenciais para obtermos melhores resultados, bem como uma redução de custos e melhores experiências para os pacientes e para o pessoal hospitalar.
 

Sendo assim, vamos conjugar esforços, agir sem demora e enveredar por um caminho mais sustentável rumo ao futuro.

References:

[1] Interviewed for the Future Health Index 2021 report

[2] https://practicegreenhealth.org/topics/waste/waste-0

[3] https://www.nature.com/articles/s41415-020-2130-5

[4] Since 2016, Philips has conducted original research to help determine the readiness of countries to address global health challenges and build efficient and effective health systems.  For details on the Future Health methodology and to access the Future Health Index 2021 report in its entirety, visit: https://www.philips.com/a-w/about/news/future-health-index.

[5] https://mckinsey.com/business-functions/mckinsey-digital/our-insights/the-covid-19-recovery-will-be-digital-a-plan-for-the-first-90-days

[6] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6465872/

[7] https://www.carbonbrief.org/healthcare-in-worlds-largest-economies-accounts-for-4-of-global-emissions

[8] https://www.mckinsey.com/industries/healthcare-systems-and-services/our-insights/cutting-through-the-covid-19-surgical-backlog

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Jan Kimpen

Jan Kimpen

Chief Medical Officer, Royal Philips

Before joining Philips in 2016, Jan Kimpen, Professor of Pediatrics, was CEO of the University Medical Center in Utrecht. He leads the global clinical team of Philips, focusing on advocacy, customer partnerships, clinical research and medical consulting, and is responsible for the annual publication of the Philips Future Health Index.

 

He is a strategic advisor for commercial and clinical strategy, market reimbursement, R&D roadmaps and partnerships and M&A, and provides thought leadership on relevant clinical and medical topics. Jan participates in the WEF Global Future Council on Healthcare, the American Heart Association alliance and the Board of Sanara Ventures in Israel. Jan is president of COCIR, the European trade union for imaging, healthcare informatics and radiotherapy.

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Robert Metzke

Robert Metzke

Philips Global Head of Sustainability

Mr. Metzke leads Philips’ activities in Sustainability where he drives the company’s  strategy towards innovative, sustainable business models and embedding sustainable and circular ways of working across Philips.

 

In particular, Robert and his team are leading all activities with regards to Philips' environmental responsibility, with a focus on climate action, circular economy and expanding access to healthcare in underserved communities, as part of Philips overall purpose to improve people's health and well-being. Before joining Philips, Mr. Metzke worked at McKinsey & Company as a consultant where he gained 5 years of experience in strategy and innovation in the high-tech, healthcare and public sectors. Mr. Metzke has a background in journalism, science publishing (Science/ AAAS) and academic research (physics). He is married, has three children and lives in the Netherlands.

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